Com o objetivo de promover a capacitação técnica para familiarizar, esclarecer dúvidas e doutrinar seu uso racional no âmbito nacional, a Faculdade de Engenharia da PUCRS promove um workshop com a participação de profissionais de reconhecida contribuição para o desenvolvimento do novo método. O evento iniciou na segunda-feira (19/6) com palestras que apresentaram aos participantes os conceitos que envolveram a construção do novo método.
A professora Laura Motta da COPPE/UFRJ apresentou um histórico dos métodos de dimensionamento utilizados no Brasil e sua evolução para o novo Método Mecanístico-Empírico. A professora Prepredigna Silva do IPR/DNIT apresentou a atualização de normas e a implantação do novo método de dimensionamento no DNIT. O professor Jorge Soares, da Universidade Federal do Ceará – UFC apresentou o desafio dos modelos de desempenho num método mecanístico-empírico; o pesquisador. Luís Nascimento do CENPES/Petrobras falou sobre a aplicação da teoria do dano contínuo viscoelástico na análise de pavimentos e a continuidade do desenvolvimento do novo método e a Dra. Mírian Quebaud da ANTT falou sobre as pesquisas desenvolvidas no âmbito dos recursos de desenvolvimento tecnológico (RDT).
Nesta terça-feira (20/6) o workshop segue com a realização de minicurso ministrado pelos professores Luciano Specht, da Universidade Federal de Santa Maria e Lélio Brito, da PUCRS que trarão aos participantes noções sobre análise mecanísticas no dimensionamento de pavimentos flexíveis, modelos de previsão de desempenho de pavimentos, introdução ao uso do software SISPAVBR e uma breve introdução à viscoelasticidade na modelagem de materiais asfálticos.
A expectativa dos profissionais e instituições envolvidos no desenvolvimento do novo método é de que em 2018 ele já esteja normatizado e implantado no DNIT e comece a ser adotado pelos demais órgãos rodoviários. O evento contou com a participação de profissionais de órgão rodoviários, DAER, DNIT e ANTT, concessionárias de rodovias como a Triunfo Concepa, universidades como UFSC, Unisinos, UFSM e UFRGS. As manifestações destes profissionais ao final do evento reconheceram a importância do novo método para uma evolução na qualidade e durabilidade dos pavimentos das rodovias brasileiras e destacaram os novos desafios que devem ser enfrentados pelos órgãos rodoviários, construtoras, projetistas e demais envolvidos no processo de construção de estradas, como a atualização e qualificação dos técnicos e melhorias na infraestrutura de laboratórios.
A organização e coordenação do workshop foi dos professores Dr. Lelio Antonio Teixeira Brito, Me. Cleber de Freitas Floriano, Ma. Lysiane Menezes Pacheco, Dr. Daniel Hastenpflug.
Breve histórico sobre o desenvolvimento do novo método
Desde a década 90, o meio científico vinha questionando a adequação do método de dimensionamento de pavimentos em uso no Brasil. No início dos anos 2000 já era consenso de que o método não era mais adequado, já que apresentava restrições relevantes, tais como: não levar em consideração o aumento significativo das solicitações de carga, volume e magnitude do tráfego, nem a inserção de parâmetros importantes como fatores climáticos e novos materiais.
Esta realidade levou à criação da Rede Temática de Asfalto, financiada pela Petrobras, que reuniu pesquisadores e universidades de todo o país, com a cooperação do IPR/DNIT para a pesquisa e desenvolvimento de um novo método, O trabalho inclui a construção e monitoramento de trechos experimentais em diversas regiões do país em parceria com órgãos rodoviários e concessionária que, desde 2009, vem permitindo o levantamento sistemático de dados de desempenho funcional e estrutural dos pavimentos nacionais típicos, dados essenciais para a construção do novo método.
O novo método se baseia na consideração das propriedades mecânicas fundamentais de todos os materiais que compõem cada uma das camadas do pavimento, levando em conta os fatores ambientais, a técnica construtiva, além do perfil do tráfego. Utiliza o método de cálculo de tensões e deformações baseado na teoria da elasticidade aplicada ao sistema de camadas para determinar os esforços críticos nas diferentes camadas, permitindo, assim, ajustar os materiais e espessuras para que suportem tais esforços ao longo da vida útil do pavimento. Considera, iterativamente, parâmetros de desempenho – trincas por fadiga e deformação permanente, para a estimativa de vida útil, empregando funções de transferência até chegar a decisão final das espessuras e tipos de materiais.