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Reféns da chantagem capitalista

Por que o Estado não tem dinheiro para saúde, educação e segurança?

Porque é preciso que empresas, inclusive multinacionais poderosas, ganhem  mais dinheiro.
 

Tornou-se um inferno ser funcionário público num Estado como o Rio Grande do Sul.

O governo e parte da mídia tratam o funcionário como o inimigo número um da sociedade.

O vilão a ser abatido.

A maioria ganha pouco.

Como se sentir quando o patrão deposita apenas R$ 350 reais do salário do mês? Orquestrados, governo e mídia amiga difundem de maneira nem tão dissimulada que o funcionalismo trabalha pouco e pesa muito. É um desses mitos que pegam pela facilidade com que reduzem o complexo ao simples e cabem na pobreza cognitiva de muitos. Os Estados brasileiros estão reféns de uma lógica perversa.

A União deve aos Estados exportadores em função da lei Kandir.

A Justiça tomou uma decisão esdrúxula, como já é do seu costume, fixando que o pagamento quando acontecer não poderá retroagir. O caloteiro será anistiado. O outro grande problema é a guerra fiscal. Nenhum Estado subsiste sem cobrar impostos. A maravilhosa Suécia não alivia. É a prova cabal de que se pode conciliar livre iniciativa, forte interferência estatal na vida cotidiana, altos impostos, ótimos serviços e resultados excelentes para todos. Sem o autoritarismo político de Singapura. A guerra fiscal é um veneno. Multinacionais fazem chantagem. Se não deixam de pagar, ameaçam ir embora. O dinheiro que falta aos professores é levado pelas grandes parasitas globais.

O governo parece curtir um gosto perverso por massacrar funcionários com suas parcelas humilhantes. Diz que paga assim por não ter dinheiro e até que o problema é a guerra fiscal, mas defende cada isenção com unhas dentes, até aquela famosa denunciada pelo deputado Pedro Ruas dada ao empresário Lírio Parisotto em troca da criação de cinco empregos. O discurso é circular: é ruim, mas que fazer, se não fizer as empresas vão embora. Tudo vai mal. A magistratura, porém, continua ganhando em dia seu gorduroso auxílio-moradia. O Estado está quebrado, mas pequenas empresas como a GM recebem novas isenções. A justificativa é um refrão enfadonho: criam empregos. Sim, na Suécia também as empresas criam empregos. Criam empregos e pagam impostos.

Há um modelo sendo defendido por trás de cada parcelamento de salário: privatiza-se tudo, prescinde-se de funcionários públicos, cortam-se os impostos das empresas e cada um que compre os serviços que necessitar. Quer viajar, pague para rodar na estrada. Claro que as concessionárias só instalam a cancela e cobram o pedágio. O Estado banca o resto. A história dos pedágios no Rio Grande do Sul é um negócio da China. Dá livro. As concessionarias faturaram muito sem investir um só níquel. O Estado é eficiente para pagar a conta, mas não para a tarefa homérica de cobrar pela passagem dos carros e tapar buracos. É guerra: os governos liberais dizem combater as corporações sindicais de categorias profissionais. Fazem isso certamente em defesa de pobres corporações empresariais necessitadas de apoio para viver. O pragmatismo oficial não disfarça a opção ideológica dita moderna.

O capitalismo globalizado comemora.

Os professores choram de bolsos vazios.

Acesse o texto do Jornal Correio do Povo!

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